Roubada.

Acabei de chegar a casa.

Roubaram-me as coisas da mala: telemóvel italiano, carteira, máquina fotográfica.

Estou demasiado apática para ter consciência.

(...)

Logo hoje que o dia me estava a correr bem. Que tinha passeado um bocadinho, tinha ido à Basílica de S. Petronio, que tinha apanhado chuva, que isolei a minha janela para não ter frio, que tinha ido jantar à noite cubana, que tinha tido um começo de noite fixe, que tinha andado de bici num temporal tal que nem via nada à frente, que tinha decidido ir, pela primeira vez em 2 meses, a uma festa-disco de Erasmus onde dancei imenso e me diverti tanto. Bolas, logo hoje que estava a ser um bom dia.

P.S.: No meio desta palhaçada, já devorei uma tablete de chocolate.

...

Agora com mais calma. Roubaram-me as coisas da mala numa discoteca, onde me estava a divertir imenso. Deixaram-me só as chaves de casa. Ainda atenderam o telemóvel uma vez antes de o desligarem de vez: não eram italianos, falavam inglês.

Hoje fui à Polícia apresentar queixa. E fui mimada. Dormi a sesta e acordei como se estivesse com a maior ressaca de sempre - e não bebo alcool há quase 2 semanas. Estou com umas dores de cabeça horríveis. Vou jantar a casa dos portugueses. Estou mesmo sem forças.

O que me custa é ficar sem a minha máquina. Eu tirava fotos quase todos os dias. Hoje houve uma manifestação enorme em Bologna, com ruas cortadas pelas pessoas, um caos enorme e não pude fotografar.

Custa-me não ter a minha carteira, os meus papelinhos, as minhas coisas. O meu BI, o cartão da faculdade, da biblioteca, das organizações de Erasmus...

Custou-me andar incomunicável durante o dia. Custou-me pagar 40€ por um cartão novo e um telemóvel. Custa-me não ter um Nokia, não ter o meu telemóvel !

Custa-me que me tenham levado uma bolsinha só com tralhas que me interessam a mim e não têm valor nenhum.

Já nem faz sentido andar de mala. Não tenho nada para lá pôr.

Dia mau.

Óculos e chapéus

Bem-estar. Boa disposição. Resultado? Uma parvoíce pegada!

- Que é que fazemos hoje?
- Não sei. 'Bora mascarar-nos?
- Nós os 5? 'Bora!

E assim foi !

Chapéus, óculos, personificações, maquilhagem, roupa, estilo, risos, máquinas fotográficas. Onde estão as pessoas? Nunca mais chegamos ao centro. Pincel, fita métrica. Tanta gente! Temos de falar com as pessoas! Falámos.

E divertimo-nos muito!














Para onde vamos? Onde onde? Café Paris? Apareceu o André, o Felipe, o Tiago. Vamos para a Arteria! 5 euros. Demais. Porta das traseiras...ou chamar a polícia? Piazza Sto Stefano, andiamo. Faz frio. Casa do Felipe, umas voltinhas de bicicleta e vamos para casa.

Had fun :)

A metamorfose dos zucchini

Quando grelho fatias de zucchini, assim com bastante sal, sabe-me a peixe grelhado !

Bici - update!

Entretanto ontem comprei a bicicleta mais gira de toda a Itália!

Isto aqui é tudo à base de compra e venda de bicicletas ilegais. Então lá fui eu com o Pedro à Piazza Verdi onde estão as pessoas esquisitas. Falámos com um e com outro, sugeriam que fossemos ao longe da rua ver se alguém nos oferecia uma bici.

Nada.

Fomos, entretanto, ver se uma pizzeria estava aberta. Quando voltámos para a mesma Piazza, vimos uma das pessoas esquisitas a dar uma voltinha com uma bicicleta - a minha! -e dissemos que queriamos comprar uma.

Começou por pedia 25€, dissemos que era muito, que tínhamos já comprado por 15€ - e é verdade. Lá disse que vendia por 15€ as bicicletas velhas, mas que para esta não baixava dos 20€, porque é nova - mesmo! -, tem cestinho e gradezinha atrás para levar pessoas. Lá aceitei. Ele gostou muito de mim, pediu o meu número, queria ir ao aperitivo comigo um dia destes. Dei-lhe o número errado e fui embora.

Hoje vou comprar o cadeado e tinta para pintar a bicicleta. Como são roubadas, é sempre possível que apareça a dona da bicicleta e haja confusão.

(Sim, pesa-me um pouco a consciência.)

Depois tiro foto da minha mega bici.

Fui correr, ontem, também!! As duas coisas que estava a adiar fazer há 1 mês e tal - correr e comprar bicicleta - resolvi num só dia. Corri bastante a ouvir The Sounds, soube-me muito bem e deu-me vontade de correr mais vezes.

UPDATE:

(Com zoom percebe-se melhor.)

Aqui está a minha bici. A loja das tintas estava fechada, então comprei uma fita-cola às riscas amarela e verde e passei umas 2 horas a decorar a minha nova companhia. Estou muito feliz com o resultado final! (sim, está bem wee!)

Faculdade

A faculdade aqui é diferente.

Vai toda a gente às aulas e ficam sentados 15/20 minutos à espera que o professor chegue. Participam muito. Mesmo quando as salas têm 150 cadeiras e somos 300 pessoas, as pessoas vão. E sentam-se no chão - que tem sido o meu lugar nas últimas vezes.

Os professores falam com microfones. Os alunos batem palmas. Há uma pausa de 10/15 minutos a meio da aula, para descansar.

No outro dia, houve uma manifestação nas faculdades por Bologna (e pelo que percebi, também em Pisa e afins). Havia gente a dormir à noite na faculdade, a boicotar a entrada, a impedir que houvesse aulas, a beber, a fumar. Bologna é a única cidade com um 'presidente da Câmara' de esquerda, portanto é entendível toda esta revolta para com as medidas de privatização das Universidades, do Berlusconi.

O mundo é pequeno.

Há umas noites atrás, estava eu na Piazza - voltaram a haver noites em que o frio não é demasiado e que permite estar a conversar na rua, sentados no chão -, com uma multidão que não conhecia. No meio de tantos americanos, equadorianos (?), espanhóis, havia uma rapaz cuja cara não me era estranha. Comentei com o Nuno, mas não sabia se o conhecia daqui, da Alemanha, de onde era. Deixei estar.

Estava a falar italiano com uma menina do Equador, que falou depois inglês com a que estava ao lado. Eu respondi em inglês. "Ah, também falas inglês?", pois e tal, surgiu a conversa de ter estado nos EUA. "Ah e onde?". Basicamente apontou para o tal rapaz que eu achava que conhecia. Concluindo muito rápido, era um da minha escola em Blythewood, que era do meu ano e que jogava soccer também !

Ficámos os dois parvos, a dizer que era impossível, que era impossível. Mas não era ! Mundo pequeno. E demasiada coincidência !

(é o símbolo da nossa escola nos EUA, para quem não entenda.)

Para os insistentes

Ainda há pessoas que teimam em não entender como é a minha casa e como é que tenho um quarto e uma sala de 3 paredes. Aqui fica a planta, o melhor que consegui fazer.

Portanto, é uma casa circular. O espaço em branco é onde estão as escadas do prédio.

O corredor entre o quarto das meninas e o do Andrea não se usa, é estreito demais, fechado, serve só para arrumação.

A porta que está no quarto das meninas e dá para as escadas do prédio não se usa, também. Para sair e entrar usámos só a porta à frente da minha sala.

O Andrea e o Pier têm uma doppia, teoricamente. Portanto todo o espaço azul escuro e claro é deles. Só que dentro da doppia deles, há uma porta, que divide o espaço só do Andrea, onde tem a cama, a estante, o piano. No entanto, o espaço grande do Pier é também partilhado com o Andrea. Portanto, como têm uma doppia, o Andrea tem de passar pelo Pier para sair do quarto (mas têm uma estante a separar, mais ou menos).

Para irmos à casa-de-banho, temos de atravessar a cozinha.

Esclarecidos?

Preguiça doentia

Chove em Bologna. Está frio em Bologna. Deprime-me.

Fui jantar a casa do Nuno, da Marta, da Ana, do Pedro, do Luís, da Marie. Queria mimo. Os pais do Nuno vieram visitá-lo e proporcionaram uma quantidade industrial de comida que deu para o Luís fazer dos seus maravilhosos cozinhados. Comi e fartei-me de comer!

Continuava a chover. Fiquei lá a dormir. Boas conversas, adormecer a ver South Park e Family Guy. Soube bem. Acordei preguiçosa ao meio-dia, com o despertador da Ana ("São doze horas e zero minutos. É hora de acordar."). O Pedro não me deixou vir para casa. Éramos 4 a almoçar os restos do banquete do jantar, eu, a Ana, o André e o Pedro.

Vimos o Mulholland Drive. Incompreensível.

Dei por mim a ter ficado quase 24 horas sem sair de casa deles. Mas soube mesmo bem!

Feijoada e The Wombats

Estou morta. Acabei de chegar a casa, vinda do concerto dos The Wombats, do qual gostei muito. Foi pequeno, cerca de uma hora, mas valeu a pena o dinheiro e a espera. O moche italiano é fraquinho (concordo, Manel), mas quando me decidi a enfiar-me lá mais para o meio, ainda levei uns belos empurrões.

Dois dos três da banda têm um ar de geeks, mas são espectaculares. O baterista mandava sempre as suas piadas, todos eles estavam a ser picados incessantemente por mosquitos, mas a energia não acalmava. Foi um grande concerto!

Ficam algumas fotos, embora de uma péssima qualidade!

O Stefano e o Andrea (que me vai matar por ter posto aqui esta foto), os meus companheiros de concerto, juntamente com 3 alemãs

Entretanto ontem comi como uma verdadeira portuguesa. O Pedro - que vive com a Martinha - convidou a Kalen a ir jantar lá a casa e eu fui convidada por arrasto. Lá fomos as duas muito bem, estavam o Luís e o Pedro à volta do fogão, as amigas do Luís a conviver e chegaram entretanto mais 3 americanas, que a Kalen também conhecia, mas que não fazia ideia que lá iam jantar também. Éramos 11. Comemos sopa. Comemos salada. Comemos beringelas. Comemos feijoada!! Foi fantástico:)

Seguiram-se horas de cantoria e guitarrada, uma bela harmonia entre portugueses e americanos. Seguimos todos para a noite internacional brasileira que havia, o calor era insuportável. Decidimos ir passear. Boa disposição na Piazza Maggiore. Boa conversa. E de repente já são 4h da manhã. Volto para casa com a Kalen, a falar tal grandes amigas que nos tornámos.

O spot luminoso

Hoje tomei banho à tarde pela primeira vez nesta casa.

Não, não tenho andado mal-cheirosa, tenho é tomado sempre banho de manhã.

Mas hoje teve de ser à tarde, depois das 19h, quando já estava escuro. E foi um momento memorável. E porquê? Porque a minha casa-de-banho tem uma especialidade incrível. Não bastando a luz do tecto normal, no centro da respectiva divisão, tem também uma luz só por cima do chuveiro.

O que dá, garanto-vos, uma dinâmica do banho completamente diferente.

A repetir.

:)

A vida faz-se bem.

La settimana scorsa

Meu Deus, já passou uma semana. O tempo passa mesmo a correr!

Estive em Padova este fim-de-semana, em casa da Teresa. Fui fazer uma surpresa à Inês. Teve graça encontrá-la no meio de uma piazza e ouvi-la a dizer "Quem é esta pessoa? Quem é esta pessoa?". Foi bom a noite de incontáveis Spritz, foi bom o passeio por Verona, foi boa a companhia!

A semana já se passa com uma certa rotina. As aulas, os almoços, os jantares, os risos cá em casa, as limpezas, as idas ao IKEA, os amigos, os amigos dos amigos, as festas, os exames, as viagens, os planos.

Tenho estado mais calma, por várias razões. Primeiro, porque tendo já aulas, ando sempre mais cansada (e ainda só tenho duas das cinco que vou ter). Depois, porque me fartei das festas de Erasmus, que são sempre a mesma treta. Agora sou apenas adepta das noites internacionais, uma por semana, em que dá para ir jantar comida (teoricamente) típica de um país, completamente grátis. É bom, come-se bem, encontram-se uns amigos. Por fim, ando mais calma, porque estou em casa. Sinto-me mesmo em casa. Já me sentia há algum tempo, mas houve aí um dia em que acordei sem me preocupar com quem estaria já na cozinha, sem me preocupar que teria de conversar, sem chegar a casa e pensar 'quem me dera que não estivesse ninguém, para estar mais na minha'. Não, agora estou oficialmente em casa!

E a cada dia que passa os meus quartos ficam mais giros :D Fui ao IKEA e comprei candeeiros, o que dá logo outra essência à coisa, porque já não tenho de usar a luz do tecto que é demasiado forte (tu entendes-me, Pai!), comprei um quadro magnético, entre outras coisas pequenas.

Esta semana fui a um concerto brasileiro muito giro, onde se juntaram imensas pessoas diferentes que eu conhecia, desde os brasileiros (obviamente), aos alemães, aos italianos, incluindo o Andrea.

Ainda não comprei bicicleta. Não posso continuar a adiar!

Giardini e cena

Ontem foi um bom domingo.

Dormi bem, estava calorzinho. Fui para o Giardini ler um livro italiano, escrever um bocadinho, ouvir música apanhar sol. Soube tão bem. Senti um calorzinho cá dentro, um bem-estar enorme. Gosto desta minha cidade, desta minha vida, de me sentir ligada a tudo, de me sentir bem comigo.

A Kalen foi lá ter depois. Enquanto conversámos, encontrou um amigo dela. Americano, que fala italiano perfeitamente e até brasileiro. Estava com um italiano a fazer malabarismo. Passámos o resto da tarde com eles. Iam fazer uma tarte de chocolate e pêra. Combinámos que jantavam lá em casa.

Kalen e James

Apareceram alguns portugueses e o André. Várias línguas de novo, uma tarde bem passada. Acabámos por convidar uns quantos a virem jantar lá a casa, também. Com a condição que seríamos as duas, eu e a Kalen, a cozinhar. Porquê? Porque nenhuma de nós sabe e seria a nossa estreia.

Viemos para casa, falar com os nossos parceiros de tecto. Foi só rir! Queriamos fazer pasta com pesto, pomodoro e mozzarella. Não se faz em Itália! Cada um deles dizia uma coisa diferente, riam-se de nós a cozinhar com a nossa falta de confiança. Acabaram por dar um toquezinho à coisa, com uns gestos discretos a pôr um pouco de vinho branco e assim, mas sempre a dizerem que estavamos a fazer tudo sozinhas.

Rimo-nos mesmo muito. Divertimo-nos imenso. São os melhores coinquilinos que podia ter! E gostamos mesmo uns dos outros. É óptimo:)

Bom, o resultado final:

Eu, a nossa pasta, Kalen

Perfeito!

La Prima Festa a Casa Nostra

Pier, Kalen, Giada, eu, Andrea

Foi a festa de inauguração da nossa casa. Com imensa comida, bebida e muitas pessoas. O Pier diz que, no total, estiveram cá 100 pessoas (não ao mesmo tempo, mas contando com as que iam chegando e saindo).

Gostei de preparar a festa, de cozinharmos - ou ajudar a cozinhar! - todos juntos, de aprender a fazer salame e folhado de queijo e fiambre, de lavar a loiça cem vezes, de me rir. Gostei das pessoas a chegar, da campaínha sempre a tocar, de falar italiano, de ter a certeza que ia correr tudo bem.

Ainda que a vizinha velhota de baixo, a quem fomos levar um salame à tarde para a avisar e preparar para a nossa festa, tenha dito que neste prédio o chão já desabou numa festa.

Mas sabia que ia correr tudo bem!

Sempre música - apesar do Andrea e dos amigos não terem feito um concertozinho, como era suposto -, sempre gente a passar, sempre conversas, sempre gente e mais gente. Tentei trazer várias nacionalidades, consegui. E fui a que convidei mais gente, chegámos a essa conclusão.

Estou contente com a festa.

Estou mesmo :)

Invito

C'è una festa a casa mia questasera alle 7.30/8.00 ! Vieni:) Via Castiglione, 74 - Sardi. Ci vediamo dopo! Baci

1 mês

Foi há um mês que cheguei. Há um mês que deixei Lisboa para trás, que vim para cá, que me dei às pessoas no primeiro minuto em que as conheci. Que dei todas as oportunidades e tive mais que muitas, também. Foi há um mês que me apercebi, logo nas primeiras horas, que Bologna tinha tudo a ver comigo, que me iria receber bem. Sinto-me bem. Sinto-me bem há um mês.

Num mês conheci gente, muita gente. Criei um grupo. Criei uma casa. Criei uma família. Criei o meu espaço, as minhas rotinas, as minhas vontades. Sou quem sou aqui, tanto ou mais do que era aí.

Num mês morri de frio e morri de calor. Morri de cansaço. Morri de desespero. Morri de paixão. Morri de curiosidade. Num mês nasceu em mim uma admiração, um lugar para um espaço novo, pessoas novas, novos conhecimentos. Num mês perdi-me, num mês já me sei encontrar onde quer que esteja.

Num mês fui às compras, fui a bares, fui a festas, fui a aperitivos, fui a aulas de italiano, fui à faculdade, procurei casa, visitei muitas casas, dormi numa cela, durmo num quarto, cozinhei, fui a jantares e a almoços, andei, corri, tomei banhos de água fria, decorei mapas e decorei espaços, conheci, conversei, descobri, aprendi italiano, visitei, descansei, acordei cedo sempre cedo, dormi pouco, tive saudades, tive surpresas, tive visitas, tive sonhos, limpei wc, arranjei amigos a sério.

Num mês passa-se muito, no entanto, passa rápido. Foi um bom primeiro mês.

Venham mais meses como este.